sábado, 9 de maio de 2009

Doce sabor

Com o frio que sentia
Um pássaro ouvia
Até que um carro
À sua passagem
O calou.
Novamente o silêncio voltou
Então o pássaro voou
E num ramo pousou
De repente outro carro
Entrou
E o silêncio roubou.
Eis que alguém
De brincar se lembrou
O cão ladrou
Alguém que se sentou
De tudo isto escrever se lembrou
O grupo caminhando
Novamente se juntou.
Já dentro de portas estávamos
Quando as nossas bocas
Adocicávamos
Enquanto com um doce som
Nos embriagávamos
Pensava e pensava
E nada mudava
Pois o doce sabor
Se prolongava
Então a melodia parou
E com ela
O pensamento
Murchou.

F.G. (EFA G.S.A)

Impressões dos XV

Impression, soleil levant, de Monet
Um convite aos sentidos num dia quente.
Abandonava-se a sala e procurava-se sentir: olhar, ouvir, cheirar, palpar, saborear o adocicado da tarde. Gritaram-se poemas que voaram por entre braços repletos de verde e eles dispersaram-se, procurando, cada um, o seu caminho...
T.G.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Princípios de Igualdade - "Aprender"

O racismo é uma prática que cada vez está mais enraizada na nossa sociedade.
É possível mudar, pois o racismo não nasce connosco, APRENDE-SE.

«O racismo começa quando a diferença, real ou imaginária, é usada para justificar uma agressão.
Uma agressão que assenta na incapacidade para compreender o outro, para aceitar as diferenças e para se empenhar no diálogo».
Mário Soares, antigo presidente de Portugal.

As pessoas não nascem racistas; o racismo infelizmente aprende-se como se fosse um manual de escola.
Aprende-se porque querem aprender, e não se esforçam para aprender mais nada.
Aprende-se porque ainda há quem queira ensinar.
Aprende-se para justificar os seus fins em proveito de outros e nas suas incapacidades de se afirmar com personalidade.
Aprende-se porque não conseguem aceitar uma cultura, uma cor ou simplesmente um cabelo diferente.
Porém aprende-se de tudo, mas não o essencial, não se aprende o saber e o respeito por outras culturas.
Não se aprende a tirar proveito das danças, da comida, da história entre outras coisas belas que existem.
E acabam por cair na realidade que criaram na ignorância e na incapacidade de compreender o outro.
Basta querermos aprender um pouco que seja e talvez se consigam mudar algumas mentalidades, que por vezes vivem na escuridão da ignorância.

Sónia Filomena da Cunha (EFA GSA)

Comentários...

Do tempo que resta
É um clássico. Muitos livros, muitas peças de teatro, muitos poemas, muitos filmes sobre isto. O momento em que se pergunta: estou a ir bem? É isto que eu quero? Era isto que eu queria? Era isto, esta pessoa, que eu queria ser? Chama-se crise da meia-idade. Tínhamos ouvido falar. Parecia uma coisa estranha, cliché. Uma coisa que nunca nos aconteceria, não a nós – nós nunca sentiríamos esse misto de angústia e resignação, desespero e cansaço (e alívio, um pouco de alívio também) que vem com estas contas. Olha-se para trás, olha-se para a frente. Faz-se um balanço – colunas de deve, colunas de haver. Quantos livros ainda lerei? Quantos países ainda visitarei? Quantas coisas novas me parecerão novas? Quantas ideias, pessoas, imagens, palavras, sons, manhãs? Quantas vezes sentirei entusiasmo, maravilhamento, alegria, a energia única que vem do que nos arrebata?(…)”
Fernanda Câncio, in Notícias Magazine
QUERO DAR OS MEUS PARABÉNS À FERNANDA CÂNCIO PELO TEMA QUE ABORDOU, HOJE DIA 1 DE MARÇO, COM O TÍTULO " DO TEMPO QUE RESTA".

Falar do passado é algo que por mais que não queiramos faz parte de cada um, recordar sempre um passado já distante, que nos traz à memória tempos de infância, tempos em que éramos crianças e brincávamos com bonecas de trapos; corríamos os verdes campos; fazíamos as rodinhas; o fazer bonecos na areia da praia. Enfim o tempo foi passando, tornamo-nos adolescentes, adultos, e agora chega aquela idade em que vem à memória aquele passado que jamais poderemos esquecer. Lembrar o passado é trazer lembranças antigas, resgatando amizades perdidas no tempo e no espaço. Surpreendo-me por gratas recordações e outras recordando a perda de entes queridos. A questão não é voltar no tempo, mas trazer o passado para cá. É uma questão pessoal e emocional perceber que muita coisa foi deixada para trás e que, afinal, antes era melhor. Não me refiro à infância, refiro-me à pureza (porque não somos puros porque somos crianças; somos crianças porque somos puros). Mas temos de pensar que vale a pena fazer um intervalo e lembrar que viver no presente é bom porque é a única opção disponível.
No presente, olhamos o passado com saudade, saudade que não sentíamos naquela época, ou porque não percebíamos o seu valor, ou porque agora estamos a subestimar este valor comparado a um momento actual de menor significado. A saudade é a ponte entre o presente e o passado. Ela permite-nos visitar o passado, reviver cenas e emoções, mas não nos permite permanecer no passado. Sempre que cruzarmos a ponte teremos que voltar. Tentar permanecer no passado causa uma ruptura grave e de sérias consequências no presente. No futuro teremos muitas saudades do presente, então, é melhor vivê-lo plena e intensamente, porque pior do que a saudade do que vivemos é o arrependimento do que poderíamos ter vivido e não vivemos.
Recordar é viver, mas viver é melhor! Viva intensamente o momento presente e deixe que a saudade seja “apenas uma foto” de um filme onde todos sejamos os protagonistas. Um filme que ainda lhe reserva as melhores cenas da história, esta mesma história cuja saudade conta os capítulos anteriores!
Que o making of da sua vida seja tão interessante quanto o filme pronto e que as lágrimas da saudade não borrem porque escolheu viver sem maquilhagem. A personagem somos todos nós, o resto são detalhes, detalhes difíceis de esquecer porque pertencem a cada um de nós!
A saudade não deve ser uma algema que nos aprisione ao que já passou, mas uma janela de onde poderemos observar que, da mesma forma em que as dificuldades passaram e a beleza de cada momento permaneceu, a vida continuará a valer sempre a pena de agora em diante e oferecendo oportunidades de sentir novas e melhores saudades a cada instante. É na compreensão no respeito, naquele abraço e ombro amigo que deveremos dar o consolo a todos que percorremos este caminho que é a vida.
Helena Almeida (EFA GSA)