quarta-feira, 15 de julho de 2009

Júlio Magalhães - A frontalidade indirecta




Admirável nome do mundo jornalístico e comunicativo denota que já se corrompeu nas teias do negócio televisivo.
A sua frontalidade e humildade contrastavam com a sua sede de audiências. O seu espírito crítico e realista contrastava com a busca pelo sensacionalismo.
Homem de poucas habilitações académicas, experimentou de tudo um pouco e nunca disse que não ao que a vida lhe apresentava.
Jornalista, director de informação, pivô televisivo, hoje apresenta-se também como escritor. Disse não ter tido dificuldades em se desligar de uma escrita mais objectiva típica do jornalismo e passar para uma escrita mais romanceada, o que requer um uso mais criativo e imaginativo da mente, mas em todo o caso, a pesquisa, algo necessário à criação deste livro, não é ela também uma base do jornalismo? Não estarão a escrita jornalística e a escrita deste romance interligadas?
Júlio Magalhães profetizou declarações polémicas principalmente sobre qual o papel dos média perante a sociedade, o seu dever formativo e educativo e o seu poder social. Apesar do jornalista concordar com o poder e dever educativo e social dos média, este não consegue desligar do combate e busca diários pelas audiências seja a que preço for. A qualidade já não é um requisito nos meios de comunicação, estando cada vez mais o sensacionalismo, o ridículo e o brejeiro a ganhar terreno. Tudo em nome de mais share e nunca em nome da verdadeira informação.
Tentam-se encontrar desculpas e mais desculpas para a má qualidade informativa e educativa, pelo menos foi essa a sensação com que fiquei quando tive oportunidade de lhe colocar algumas questões que me pareciam pertinentes.
Tentei ser simpática sem o ser demasiado, interpelar as respostas. O objectivo era que as suas respostas saíssem do momento, do sentimento e não parecessem pré-feitas. Os nervos eram imensos mas a todo o custo tentei parecer relaxada e confiante. Os seus olhos e presença imponentes faziam-me recear a sua resposta e ao mesmo tempo davam-me uma curiosidade incompreensível. Em contraste a sua humildade e simpatia faziam-me sentir um estranho à vontade e instigavam-me a coragem para colocar em palavras o que pensava.
Uma tarde memorável, com várias surpresas e revelações, sem dúvida, intrigantes assim como intrigante o é Júlio Magalhães.
Lúcia Baptista (EFA G.S.A)

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